Brasil tem 16 milhões de analfabetos
O Brasil tem atualmente cerca de 16 milhões de analfabetos e metade  deste número está concentrada em menos de 10% dos municípios do país,  mostrou uma pesquisa divulgada hoje pelo Ministério da Educação (MEC).  Para o MEC, apesar de não serem inéditos, os dados do "Mapa do  Analfabetismo" são "alarmantes". No Brasil existem 16,295 milhões de  pessoas incapazes de ler e escrever pelo menos um bilhete simples.  Levando-se em conta o conceito de "analfabeto funcional", que inclui as  pessoas com menos de quatro séries de estudo concluídas, o número salta  para 33 milhões.  Em apenas 19 das 5.507 cidades brasileiras o total da população  frequentou a escola por pelo menos oito anos. O estudo, realizado pelo  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), indica  que aproximadamente oito milhões de analfabetos do país se concentram em  586 cidades brasileiras, com as maiores taxas aparecendo nas capitais.  Só na cidade de São Paulo, campeã em números absolutos, são mais de 383  mil pessoas. No Rio de Janeiro, são quase 200 mil.
  O município de Jordão, no Acre, lidera a taxa de iletrados: 60,7% de  seus 4,45 mil habitantes não sabem ler ou escrever. Em Guaribas, no  Piauí, a cidade-piloto do programa Fome Zero, a população tem a menor  média de anos escolares cursados do país - um ano e um mês.
  Na ponta oposta, a cidade de São João do Oeste, em Santa Catarina, tem a  menor taxa de analfabetismo, com apenas 0,9% dos 5,78 mil habitantes  iletrados. Niterói, no Rio de Janeiro, aparece com a maior média de anos  de estudo, 9,5, superando o mínimo de oito anos do ensino fundamental.
  A concentração de analfabetos em grandes cidades, segundo o Ministério,  poderia ser uma vantagem para o trabalho das equipes de alfabetizadores,  devido às facilidades de transporte e infra-estrutura que não existem  na zona rural, por exemplo. Mas o secretário especial para Erradicação  do Analfabetismo, João Luiz de Carvalho, diz que existem controvérsias  sobre esta tese. "Se por um lado São Paulo tem as facilidades que tem,  por outro falta tempo e disposição para educar", afirmou Carvalho. "Nas  grandes cidades ninguém tem tempo para nada".
  No começo do ano, a meta determinada pelo governo era de alfabetizar 3  milhões de pessoas em 2003, com um orçamento de R$ 278 milhões. Mas  convênios do MEC com municípios, Estados e organizações  não-governamentais poderiam alcançar este ano até 4,2 milhões de pessoas  atualmente analfabetas, se houver fundos. "Agora temos que correr atrás  do dinheiro", disse o secretário.
  A pesquisa sobre o analfabetismo no país utilizou dados do Programa das  Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Censo do Instituto  Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000.





